24 fevereiro 2011

O JORNALISMO E SUA CRISE DE IDENTIDADE

Por Alexandre Gonçalves

Foi um baque. Ao dizer que qualquer pessoa está apta a trabalhar com o processamento da informação e sua divulgação, independente de possuir uma formação acadêmica, o STF desferiu um duro golpe na estima dos jornalistas. Para os professores de jornalismo então, nem se fala. Como falar em formação, se a lei diz que isso não é determinante para exercer a profissão?

O golpe foi duro, existe a possibilidade de se reverter esta decisão via Congresso Nacional*, mas a verdade é que a vida segue, o que não significa “baixar a guarda” frente a esta aberração, que não leva em conta que a graduação universitária é um importante instrumento de qualificação da informação levada ao público.  A falta de profissionais devidamente habilitados pelos cursos de jornalismo atenta contra a comunidade e não apenas os jornalistas. Os cursos de jornalismo, com todas suas dificuldades e limitações, são o espaço de formação que proporcionam o desenvolvimento profissional, com referenciais teóricos e práticos planejados para tal, dentro de métodos pedagógicos.

Pioneira na história do jornalismo de Santa Catarina, Blumenau demorou a ter um curso de jornalismo. A primeira rádio, a primeira TV e a primeira impressão off-set não foram suficientes para a criação do curso na cidade nas décadas de 1990 e 2000, o que obrigou os veículos a importarem mão de obra.   A Faculdade Ibes (hoje Ibes Sociesc) ousou, e, em 2004, quase quarenta alunos começavam a sua formação. Muitos deles com larga experiência profissional, que buscaram, nas aulas, aperfeiçoar o que já conheciam do dia a dia.

Desde então o curso de jornalismo do Ibes Sociesc já formou três turmas de jornalistas. Profissionais que estão disputando espaço no mercado de trabalho a partir da formação acadêmica proporcionada pela convivência de quatro anos ou mais, vivendo e respirando jornalismo. Hoje somos um berço de mão de obra para o setor na cidade e no Vale do Itajaí.

O curso avança para uma aproximação da realidade do mercado, pois a formação deve visualizar uma ocupação de espaço, sem nunca esquecer os referenciais teóricos, sociais, ideológicos e sobre tudo éticos que norteiam nossa atuação.  A convergência entre a reflexão e a prática é o compromisso de todos os professores.

Muitos de nossos formandos já atuam nos veículos de comunicação da cidade e isso é motivo de orgulho para os professores e funcionários. Ao formarmos a quarta turma de profissionais neste mês de março, o curso de jornalismo da Faculdade Ibes Sociesc vive um misto de orgulho e responsabilidade, com uma certeza: trabalhar sempre para capacitar pessoas a atuarem de maneira eficiente e responsável com a informação, que é, afinal de contas, um dos grandes direitos da Sociedade.
 
Existem duas propostas de emenda Constitucional (PEC) em tramitação no Congresso Nacional (uma no Senado outra na Câmara dos Deputados) para considerar o diploma obrigatório para o exercício da profissão.

* O autor é professor do curso de jornalismo da Faculdade Ibes Sociesc, vice-presidente da Associação de Imprensa do Médio Vale do Itajaí e gerente de jornalismo da Ric Record Blumenau.

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